A utilização massiva das redes sociais nos últimos anos, além de apresentar facilidades em diversas áreas, também abriu portas para uma nova modalidade de crimes para as organizações criminosas, que, ao contrário de delitos como furtos e roubos, não possuem barreiras territoriais ou temporais. O estelionato virtual é considerado o “crime da moda”, tendo em vista a alta taxa de sucesso e baixos índices de letalidade para os que cometem esse delito. Nesse sentido, o crime pode ocorrer por meio de diversas facetas e em diversas redes sociais, de modo que qualquer usuário está exposto e pode ser vítima do crime.
De acordo com dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023, em 2021, foram 115 estelionatos a cada 100 mil habitantes no país. No ano seguinte, foram 189,9, um aumento de 65,1%. No gráfico abaixo é possível visualizar os cinco estados do país que registraram os maiores números de ocorrências de estelionato eletrônico:
Alguns estados como São Paulo, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul não forneceram os dados referentes aos número de estelionatos eletrônicos registrados, ou seja, o número de casos no país, que em 2022 chegou a 200.322, não reflete a totalidade das ocorrências.
Diante da complexidade do crime, tendo em vista que é cometido por meio eletrônico e as polícias civis do país não contam com a especialização e aparato necessário para investigar todos os casos de modo satisfatório, resta apenas ao usuário se resguardar e ficar atento aos golpes mais comuns.
Cada rede social possui sua “modalidade” de golpe adequada para os usuários, como forma de otimizar o cometimento do crime. No Instagram, é frequente a quantidade de pessoas que tem suas contas hackeadas, ocasião em que o estelionatário divulga suposto modelo de investimento, ao qual a vítima efetua a transferência de um valor e recebe, supostamente, em dobro momentos depois, entretanto, após a transferência para a conta do estelionatário, a vítima não recebe qualquer retorno e permanece em prejuízo.
No WhatsApp é comum que os golpistas abram contas falsas utilizando dados de pessoas reais e entrem em contato com seus familiares e amigos, solicitando empréstimos ou pagamentos fraudulentos. Os dados utilizados geralmente são comprados na dark web ou aproveitados de sites com vazamento de dados pessoais.
Ademais, tem crescido o número de supostas propostas de trabalho online no Telegram, em que os estelionatários criam grupos de tarefas, em que os usuários ganham dinheiro para fazer atividades simples, como fazer avaliações de estabelecimento no Google. Entretanto, para desbloquear novas tarefas, a vítima deve fazer uma transferência bancária, ao qual, após cumprir os requisitos, receberia uma suposta comissão. Assim, a vítima efetua a transferência, e, às vezes, para conquistar confiança, o estelionatário até transfere o valor de volta, mas, à medida que o valor cresce, os depósitos cessam.
Em redes sociais como o Facebook e sites como OLX, em que é comum a venda de diversos tipos de produtos, os golpistas costumam duplicar anúncios de pessoas reais por um valor abaixo do valor de mercado, como forma de atrair compradores. Desse modo, eles atuam como um intermediário entre o verdadeiro dono do produto e o comprador, para que, no final, seja o beneficiário da transferência do valor.
Há ainda diversos tipos de golpes que são aplicados diariamente por meio das redes sociais, os golpistas visam aperfeiçoar seus métodos e especializar seus mecanismos de obtenção de dados para conquistar a confiança das vítimas. Por isso, é importante, em tempos de massificação das redes, manter-se sempre em alerta para qualquer tipo de negócio que aparenta ser vantajoso e que promete remuneração fácil e célere.
Referências
FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. São Paulo: Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2023. Disponível em: https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2023/07/anuario-2023.pdf. Acesso em: 30 nov. 2023.