Os Cientistas de Dados estão invadindo o judiciário brasileiro?
Desde 2008, com a implementação do Sistema Informatizado de Gestão de Processos e Documentos do Poder Judiciário, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) passou a empenhar esforços para a consolidação de uma justiça brasileira digital. Com o tempo, viu-se que não bastava digitalizar o judiciário; a gestão desses dados também precisava ser eficiente, planejada e inteligente. O passo mais disruptivo nessa empreitada foi o estabelecimento da Estratégia Nacional de Tecnologia da Informação e Comunicação do Poder Judiciário (ENTIC-JUD), que traçou como objetivo principal a melhoria da infraestrutura e da governança de TIC. A primeira ENTIC-JUD abarcou o lapso temporal entre 2015-2020 e a atual, 2021-2026.
Partindo desse desafio, buscou-se visualizar a evolução do quantitativo de pessoal capacitado na área da Tecnologia da Informação que passou a fazer parte dos tribunais. Para isso, utilizou-se a base de dados do Justiça em Números (2022). Ela foi tratada, sumarizada e agrupada de forma a expressar, no gráfico, primeiro, a evolução no número de profissionais da tecnologia e, depois, a diferença entre servidores e profissionais da tecnologia. Todas estas variáveis são originárias do banco de dados oficial. A análise parte do ano de 2015, pois antes dele não há informações acerca do quantitativo dos profissionais de tecnologia nos tribunais.
Vamos à visualização:
Percebe-se que entre 2015 e 2016 houve um aumento considerável nas contratações de profissionais do ramo tecnológico. No entanto, isso foi seguido por uma queda acentuada que resultou, em 2019, no menor número registrado. Após, observa-se uma reta crescente do número de contratações que coincidiu com o início da pandemia. A vida remota imposta pelo mundo pandêmico obrigou aos tribunais a atuarem remotamente. Isso pode ter influenciado no aumento da contratação desses profissionais.
Quanto à comparação entre os profissionais de tecnologia e os servidores (incluindo magistrados), há a seguinte visualização:
No primeiro ano de análise (uma vez que, como já foi falado, os dados anteriores a 2015 sobre profissionais de tecnologia não estão disponíveis), tinha-se uma diferença de 84.000 mil vagas entre servidores e profissionais da tecnologia. Esse cenário variou em alguns anos, mas, desde 2018, vem diminuindo incessantemente. Apesar de ainda existir uma diferença numérica considerável (79.000 vagas), o gráfico expressa que a tendência é de redução.
Se o cenário continuar, haverá um momento de equidade para cargos de profissionais da tecnologia e de servidores?